Mas, na vida real é uma audaciosa estratégia a ser adotada para negociar e surpreender o Presidente Trump, pois este tem uma única característica – tudo é transacionável! Sem dar spoiler o ideal é ver o resultado do jogo na vida real num filme de James Dean
(https://www.youtube.com/watch?v=sDFnYvKl1LU);
(https://www.youtube.com/watch?v=BGtEp7zFdrc).
O jogo
deveria ser jogado entre nosso “rebelde com causa” a ser vivido pelo Ministro da Fazenda Fernando Haddad do Brasil
e o Secretário de Tesouro Scott Bessent dos EUA. Nosso ministro deveria
informar pelos meios de comunicação oficial e reservada – ao FMI, BIS , Banco Mundial, NDB, e o BID
por sermos membros dessas instituições financeiras internacionais - que devido à
imposição das tarifas pelo Governo Trump
o Brasil estará entrando provavelmente numa parada repentina que
significa “it is not the speed that kills, it is the sudden stop”.
De
fato, o BACEN, a CVM, o BNDES, a Receita Federal e os assessores governamentais
deveriam subsidiar o Ministro com dados das seguintes séries históricas desde
os anos oitenta do século passado até o momento presente, tanto para o total do
Brasil quanto para os EUA para mostrar uma análise sobre a evolução: a) das linhas
de trade finance tomadas em dólares dos bancos norte americanos pelos bancos
brasileiros que são registradas e monitoradas pelo Bacen, tanto de entrada
quanto de saída; b) da entrada e da saída de capital norte americano de curto
prazo para aplicação em ativos privados e públicos em bolsas brasileiras, neste
caso desde 1993; c) da entrada de
capital e repatriamentos de lucros e de capital estrangeiro norte americano assim
como o total aportado no Brasil para
utilização principalmente nas empresas no Brasil que praticam o comércio intra
firma; e d) o valor dos financiamentos já firmados pelo Eximbank norte
americano para a modernização das nossa usinas nucleares.
Exatamente
por ter tido um adiamento de sete dias da entrada em vigor do tarifaço, e, já
terem sido excluídos diversos produtos exportados pelo Brasil da incidência e da
majoração de 50%, agora será a hora para o Secretário Scott Bessent pedir uma
reunião fechada com Ministro Fernando Haddad, e este deveria aplicar a
estratégia do jogo da galinha.
Na
ocasião dessa reunião, que só deveria ocorrer após o Ministro Haddad falar com as
contrapartes nas instituições multilaterais de financiamento, o mesmo deve
informar à Bessant que a incerteza tarifária já está levando à parada da
produção e entrega dos pedidos em carteira que estão nas mãos dos exportadores.
Aliás, já há vozes vindas do setor privado para que sejam adotadas medidas para
estender, no Brasil, o prazo de concessão para o financiamento às exportações via
ACC. Isso significa que o circuito de crédito de exportação está começando a
dar sinais de fricções. De fato, está se iniciando um período a observar dificuldades
de renegociação das dívidas que o setor exportador tem com os Bancos, no
Brasil.
Cumpre
observar que as fontes de recursos financeiros usadas pelos Bancos Brasileiros
para se dar crédito aos exportadores – notadamente privados – são linhas de
trade finance em dólares obtidas junto principalmente aos bancos norte-americanos.
E, os Bancos brasileiros pagavam libor ou pagam sfor e mais um prêmio de risco
por essas linhas. Esses recursos financeiros, por sua vez, são usados para
emprestar aos exportadores brasileiros que tem boas e concretas ordens de
compra do exterior. Por sua vez, hoje como sempre, os exportadores
principalmente os ligados às empresas familiares tem de assinar aval pessoal ou
garantia real para servir de colateral no caso de inadimplência.
O fato
é que essas linhas de trade finance em dólares é que irrigam o circuito de
crédito e exportação de curto e médio prazo no Brasil. E, estamos no fim do ano
fiscal “bancário” quando há o início de repactuação das linhas bancárias de
trade finance. O problema a ser explicado a Bessant é que com o tarifaço a
demanda por produtos de exportação brasileira pelos Estados Unidos vai cair. E,
as exportações que serão taxadas serão majoritariamente do setor do agronegócio
– carnes, peixes e lagostas, frutas, mel, complexo de grãos, - de bens de
consumo final como calçados, roupas, e manufaturas leves como motores e artigos
de cutelaria.
Um
fato que tem de ser percebido é que a rentabilidade e a produtividade das
exportações brasileiras de todos os bens, principalmente desses bens estão
declinando. Isso pode ser observado indiretamente pelo número de recuperações
judiciais que estão ocorrendo no centro oeste brasileiro. E, como há muitas
empresas exportadoras brasileiras que são sociedades anônimas de capital
fechado, uma breve analise dos balanços mostra um nível de levarage preocupante e se houver reversão do sentimento
de mercado em relação às perspectivas do mercado internacional, principalmente daquelas
empresas que são orientadas para atender ao mercado norte americano se fará
necessário fazer reestruturações e trocas de dívidas. Isso vai ocorrer pela
rápida retirada de crédito às exportações de fontes em dólares — e não da velocidade da recomposição das
linhas de crédito que no passado era denominado como linhas empoçadas — que pode causar grave
instabilidade financeira.
Importa
ressaltar que paradas repentinas resultam em rápidas quedas nos fluxos de
capital, o que leva a pressão por desvalorização real do cambio, rápido
declínio na produção, e eventual recuperação do consumo no futuro. Frequentemente, a novidade desse choque
externo causado pelo tarifaço dos EUA será que o Brasil precisará reequilibrar
rapidamente sua conta corrente com esse
país geralmente passando de déficits para superávits por meio de cortes
agressivos nos gastos e nas exportações e importações.
Para lidar com essa situação, o nosso “rebelde com causa” deve montar e executar a seguinte estratégia de configuração do jogo da galinha. Para se preparar se sugere assistir as seguintes cenas do FAST 5 da cronologia cinematográfica do Fast and Furious( velozes e furiosos):
https://www.youtube.com/watch?v=pPZxiBPN4Co;
https://www.youtube.com/watch?v=EwrhfIOLB3k;
https://www.youtube.com/watch?v=vmm8P0V1W4g;
https://www.youtube.com/watch?v=OurCnuyC8zo;
https://www.youtube.com/watch?v=Rko4BW6aXP0.
https://www.youtube.com/watch?v=01czy3fN4SU
Feita
essa preparação, caberia apenas ao Ministro desafiar o Secretário de Tesouro
norte-americano. Devido ao tarifaço ele dirá que terá de seguir um conselho
dado no passado por Lorde Keynes sobre os negócios internacionais- “ Let’s the
finance be national.” Isso significa trocar os dólares que financiam as
exportações brasileiras, inclusive para os Estados Unidos, por reais. Nesse
sentido serão adotadas as seguintes medidas, a saber: a) o Bacen iria reduzir a
exigência de taxa de redesconto requerida nos depósitos bancários de forma a
fazer leilões de linhas de crédito para exportação em reais da mesma forma que
se faz hoje em dia com as reservas internacionais; b) o Bacen emitirá reais
contra a entrega de títulos da Secretaria do Tesouro Nacional para que fossem feito aportes diretos na
BNDESPAR para que essa comprasse ações das empresas exportadoras que são de
capital fechado e simultaneamente abrisse o capital dessas empresas nas bolsas
de valores; c) o Tesouro Nacional irá receber as dívidas dos estados da
federação brasileira devido ao acumulo de ICMS nas exportações do último
decênio desde que os recursos em reais a serem recebidos pelas empresas
exportadoras sejam destinados à constituição de um fundo próprio para financiar
operações de pré e pós embarque da própria empresa que seria executado pela
área internacional do Banco do Brasil. E, ato contíguo seria editada medida
provisória que revogaria a frase do Código Tributário Nacional que obriga os
Estados a ressarcirem o credito acumulado de ICMS nas exportações. Isso
significa que se mantém a isenção do ICMS para manter o principio
constitucional de não se exportar impostos, mas a figura do acumulo de ICMS que
fere os princípios do Gatt-Omc será adequada à pratica internacional.
Face à
“troca forçada de reais por dólares” para financiar as exportações de curto e
médio prazo nacionais, o Ministro dirá que a Secretaria do Tesouro Nacional
lançará títulos verdes brasileiros de longo prazo - dentro da estratégia de
transição ecológica - junto aos bancos norte americanos. Esse lançamento será na proporção do valor
total das linhas de trade finance. Esses recursos em dólares serão usados para
a formação de joint ventures nos Estados Unidos entre empresas brasileiras e
norte-americanas nos setores de siderurgia, laminados, processamento de frutas, pescados, rochas ornamentais, madeira
e até bens de consumo. Em outras palavras, com isso se reforçará a
complementaridade produtiva entre o Brasil e os Estados Unidos.
Para
desafiar o Secretário Bessant caberia informar que caso o exposto acima não
fosse aceito os empréstimos do Eximbank já firmados para modernizar a usina de
Angra dos Reis seriam cancelados. E, para não descomissionar toda a unidade
será analisada a proposta russa de modernização para recuperar essa usina.
Ao propor a estratégia do jogo da galinha com esses elementos veremos que Bessant irá se desviar para não confrontar e assim propor uma estratégia que reduza o efeito do tarifaço aos dez por cento propostos em abril, e aceite o fundo para a compra dos ativos norte-americanos para a recuperação de unidades industriais face à competência do empresariado nacional. Estes já possuem unidades de processamento de bens como laranja, cerveja, de carnes, e algumas siderúrgicas. E, de quebra aceitará ainda as nossas iniciativas de adequarmos a nossa taxação as boas praticas internacionais, e, também trocarmos as linhas de trade finance de dólares por reais para o curto e médio prazo visto que os recursos em dólares serão investidos nos EUA.
Isso é uma situação racional e de ganha-ganha
para ambos os lados. Sem dúvida, isso mostra e lembra parafraseando a canção “QUEM
SABE FAZ A HORA DO JOGO DA GALINHA NÃO ESPERA ACONTECER”.
. CRÉDITO DA MATÉRIA
· Mario Cordeiro de Carvalho Junior – Professor da FAF-UERJ
No comments:
Post a Comment